Antoine de Saint-Exúpéry
Enquanto esperava o circular no velho terminal rodoviário, para amenizar a demora rotineira , fiquei observando as pessoas. Um bêbado de caminhar inseguro e ao seu lado uma anjinha de mais ou menos uns quatro anos, loirinha, cabelos curtos, parecia a própria sombra do homem, talvez um anjinho cansado de voar. Deduzi que também estava cansada de andar, pelas sandalinhas guardada em uma bolsinha de plástico que carregava com o charme de uma primeira dama. O homem aparentava uns quarentas anos, cabelos grisalhos pintado fio a fio pelas agruras da vida, tinha até uma discreta elegância. O homem parou e depois de várias tentativa conseguiu acender um cigarro.
A anjinha que parecia ligada a ele por um elo invísivel , também parou, ele sentou a menina o acompanhou segurando a bolsinha no colo.
Aproximei e ofereci uma bala como uma singela oferenda, o anjinho olhou para seu pai esperando o consentimento que veio com um leve balançar de cabeça, pegou a bala e guardou com delicadeza. Ofereci outra supondo que a primeira ela fosse levar para sua mãe ou irmãozinho. Afastei-me, em seguida sentindo um intruso, tentando invadir o planetinha da pequena princesa; eu não tenho esse direito pensei. O ônibus chegou, olhei ainda por uma última vez aquela cena enquanto o circular afastava da plataforma, voltei para casa, feliz ao imaginar que todos nós temos nosso anjo da guarda,só nos falta sensibilidade para encontrar.
Juvêncio Veloso
4 comentários:
Bonita a história...e adorei a frase do Saint-Exúpéry, não conhecia.
Suzana
Uma graça
a frase do saint exupery resume bem a postagem.. no último final de semana minha amiga disse-se "certas coisas que vc conta só acontecem com vc!".
não acho... é questão da gente falar da nossa rotina como um observador e tbm se "distrair"... no dia em que me distraí vi um anjo tbm.
adorei a postagem!
fiquei emocionada com seu conto...acredito que basta ter sensibilidade para sentir e olhos da alma para ver...
um grd abraço!!!
Zil
Postar um comentário