Uma carinhosa homenagem de meu amigo Milton Kennedy |
Se não me falha a memória e ela sempre falha a estória era mais ou menos assim;
O SACI PERERÊ
Como vocês sabem eu não tenho medo de assombração, fantasma ou alma penada, já dormi em cemitério e capelas de beira de estrada que tinha fama de morada de corpo seco.
Eu não acredito em coisa de outro mundo mas abusar eu não abuso.
Eu voltava de São Luiz do Paraitinga, já passava da meia noite e faltava mais de uma légua para chegar na minha tapera , começava a descer o grotão dos Três Enforcados, pareceu me ter visto uma luz se movendo sobre o barranco no meio do capinzal, parecia estar me seguindo.
Capaz mesmo! Pensei. Deve ser resto de alguma queimada! Bem que o Sêo Challita do armazém falou que aquela pinga era da boa. “Derepentemente” meu cachorro saiu correndo desesperado e latindo como quem viu o diabo até sumir na curva do bambuzal. Resolvi acender um cigarro para espantar os maus pensamentos e clarear as idéias, matutava sobre a estranha atitude do cão, quando senti alguma coisa roçando minhas pernas, um calafrio percorreu todo o meu corpo, era um gato preto surgido sabe Deus lá de que onde. De onde teria vindo, pensei minha casa era a mais próxima num raio de quatro léguas . Sempre tive uma cisma com esses bichos por contas de uns acontecimentos estranhos no enterro de Nhá Palmira a benzedeira uma negra sacudida que tinha mais de cem anos de idade e uns trintas gatos. Bom mas essa já é outra história qualquer dia eu conto para vocês. Como eu ia dizendo não havia meio de espantar o "disgramado" do gato. Batia o pé bichano recuava para logo em seguida voltar a cruzar entre as minhas pernas.Naquele tempo eu era moço e impulsivo e fiz uma coisa que não era do meu feitio da qual me arrependo até hoje. Tinha comprado um chicote de couro trançado, trabalho de primeira feito pelas mãos talentosas do "cumpadre" Crispim. Vou ensinar esse bicho a respeitar Juvêncio Velos, pensei enquanto dava uma chicotada no gato. O bicho deu um salto descomunal e jogou tanta formigas sobre minha costa que fiquei mais de um mês com as marcas de suas picadas, sai numa desabalada carreira e só fui parar quando estava dentro do meu rancho a única coisa que me recordo bem é de ter visto foi um negrinho com um gorro vermelho gargalhando e gritando coisa que eu não consegui compreender.
É por isso que eu digo, “eu não acredito não acredito em coisa do outro mundo mas abusar eu não abuso”
Juvêncio Veloso
Parabéns a todos os Contadores de História !
Revirem meu Baú e vocês vão encontrar muitas outras histórias tem a Maldição da Carranca uma adptação livre de um causo contado por um amigo do ônibus da fabrica.
2 comentários:
ri muito no trecho "bem que o sêo challita do armazém falou que aquela pinga era da boa."
ótima história!
parabéns!
Boa história! Não tenho medo não, sou meio abusada! Um abraço amigo!
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