sexta-feira, 2 de março de 2018

O CHARGISTA QUE CONHECE A HISTÓRIA


Vamos conhecer um pouquinho mais deste Chargista, Quadrinhista, Professor de História... Giancarlo Moser !
🎤FALE COMO VOCÊ DESCOBRIU O DESENHO
🎨GM Eu desenho desde pequeno, como todas as crianças. Alguns fatos são significativos nessa época da vida: quando eu tinha uns 3 ou 4 anos, fiquei muito impressionado com uma pescaria de lagoa, onde meu pai pescou uma tartaruga pequena. Desenhei esse momento e meu pai guardou o desenho dizendo que estava muito bom (que infelizmente foi perdido nas enchentes dos anos 1980) e uma segunda situação, foi quando por volta dos 6 anos eu copiava os desenhos da Turma da Mônica a mão livre com uma canetinha preta (que eu adorava). Lembro que ao mostrar para meu pai, ele ter dito: ”Isso não vai para frente”. Minha mãe tinha alguma habilidade em retratos com lápis HB e isso me inspirou, pois sempre dizia que queria ser pintor. Na escola, uma professora na 5ª série nos ensinou a técnica de desenhar quadriculado, onde você pega um desenho pequeno, faz quadrinhos e em uma folha maior os quadrinhos são refeitos em escala, porém maior. Pois bem, era um folha A4 com um desenho do Pato Donald para reproduzir com esta técnica em uma folha enorme de papel de embrulho. Eu achei aquilo muito trabalhoso e desnecessário, e reproduzi fielmente o Donald na escala correta. Quando a tal professora viu, ela me esculachou dizendo que eu estava tentando sacanear ela. É claro que eu não entendi o porquê da acusação, mas me senti culpado. Esses eventos marcaram e as reprimendas me fizeram sentir culpa por desenhar.
🎤MAS, ISSO TE MARCOU TANTO ASSIM? E O QUE ACONTECEU DEPOIS? QUANDO VOCÊ RETOMOU O DESENHO?
🎨 GM Sim, foram eventos marcantes. Eu lembro que na adolescência de copiar e fazer desenhos inspirados em um programa de TV do Daniel Azulay (esses desenhos foram elogiados por outra professora e ele me incentivou a cultivar minha habilidade). Em verdade, nunca deixei os desenhos, pois sempre desenhava onde tinha espaço e ficava tentando retratar pessoas de minha vida (mas essas não eram experiência muito exitosas, na época, pois meu traço era muito rústico). Posso dizer que 3 pessoas foram aquelas que me incentivaram muito e que me ajudaram e incentivaram: um grande amigo, falecido recentemente, Beto Marcelino, era um chargista excelente e nós passávamos horas desenhando em nossa adolescência. Inclusive ele tinha um traço refinado para sua pouca idade e com ele aprendi muito. Outra pessoa – e essa foi a mais importante – foi minha esposa Maike, que nos tempos de namoro ficava acompanhando meus desenhos e me levou a criar novamente confiança em retomar essa arte com força e paixão. Por fim, meu amigo Giba Thien, foi fundamental para me dar rumos e acreditar que eu poderia ter um estilo próprio. Isso foi por volta dos 20 e poucos anos. Comecei a dar aula em 1992, logo após me graduar em História, e de um momento para o outro, eu estava fazendo os desenhos para as camisetas das turmas das escolas. Eram desenhos para Gincanas, formaturas, eventos etc. Em 1993, eu e o Giba começamos um projeto muito legal de uma coleção de livros infantis sobre profissões, desenhamos, colorimos, roteirizamos e escrevemos 10 destes livros. Foi um trabalho de um ano. Procuramos editoras, algumas se interessaram, mas as propostas eram sempre para bancarmos o início e depois, se vendesse bem, teríamos lucros. Enfim, o material está engavetado até hoje.
🎤QUAL O RITMO DE SUA PRODUÇÃO HOJE? VOCÊ FAZ PROFISSIONALMENTE?
🎨GM Desenho diariamente. Em qualquer situação, estou rabiscando algo. Faço somente por hobby, como uma maneira de enfrentar o estresse cotidiano. Faço algumas charges e cartuns para mídia on line humorpolitico.com.br, mas sem remuneração, publico no meu perfil no facebook e no Instagram. Desenho paisagens, corpos, arquiteturas (sou um Arquiteto frustrado) e algumas coisas com meu filho mais novo, Lorenzo, que tem um potencial excelente para ser um grande desenhista.
🎤QUAIS FORAM SUAS INSPIRAÇÕES OU MODELOS?
🎨 GM Essa é difícil, pois foram inúmeros os desenhos que acompanhei e acompanho. Posso dizer o que realmente não me inspira: nada da Marvel, DC Comics ou HQs de super-heróis. No cinema até vejo alguma coisa relacionado (gostei da franquia X-Men). Sou realmente apaixonado pela época de ouro de Uderzo e Goscinny, com o Asterix. Isso me inspira como desenhista e Historiador até hoje. Outros são: o Ibañez, do Mortadelo e Salaminho; Mafalda, do Quino. A família Pato, do genial Carl Barks; Calvin, do Bill Watterson; os desenhos do Zé Carioca feitos pelo Canini, Moebius, Laerte etc etc.

2 comentários:

Milton Kennedy disse...

Saudações amigo Veloso e mano da arte.
Cara, que satisfação ver uma postagem em seu blog após tanto tempo (03 anos, é isso memso?). Tenho acompanhado suas publicações no Face mas confesso que sinto falta aqui do blog. Você tem um talento singular.
Muito bacana a entrevista com o Giancarlo Moser (que eu ainda não conhecia o traço). Identifiquei-me com alguns fatos que ele relatou, tais como não gostar de quadricular o desenho para ampliar, desenhar atualmente por hobby entre outros.
Parabéns pelo retorno ao blog e parabéns também ao Giancarlo. Sucesso a ambos.
Abraço, saúde e paz!

VELOSO disse...
Este comentário foi removido pelo autor.